AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE LEISHMANICIDA in vitro DA LECTINA DE Dioclea Violacea MART. ex BENTH
Leishmania infantum. Leishmaniose visceral. Dioclea violacea. Espécies reativas de oxigênio. Amastigotas. Permeabilidade. Lectina.
As leishmanioses são caracterizadas como um conjunto de doenças de interesse clínico e epidemiológico que possuem distribuição mundial. O tratamento para esta doença baseia-se primariamente no uso de antimoniais pentavalentes (Sb +5), sendo no Brasil utilizado o antimoniato de meglumina (Glucantime®) e em alguns casos na aplicação de drogas secundárias, como a anfotericina B. Esses medicamentos apesar de promissores, apresentam diversas limitações e importantes efeitos colaterais, o que fomenta a pesquisa por novos medicamentos que apresentem baixa toxicidade e poucos efeitos adversos. Dentro deste cenário, destacam-se as lectinas, proteínas que apresentam diversas funções nos organismos em que são encontradas. O presente estudo teve por objetivo avaliar o efeito leishmanicida in vitro da lectina das sementes de D. violacea (DVL) em cultura de cepa de Leishmania infantum. Formas promastigotas foram incubadas com diferentes concentrações de DVL (324 – 5,06 μg/mL) e a viabilidade celular determinada por contagem em câmara de Neubauer. Através determinação da CI50 foi avaliada a participação do domínio de reconhecimento a carboidratos (DRC) na atividade da lectina. Ensaios de fluorescência com o diacetato de 2’,7’-diclorodihidrofluoresceína (DCFH2-DA) e Iodeto de Propídio (IP) foram realizados a fim de verificar a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e danos a integridade da membrana celular parasitária, respectivamente. Microscopia eletrônica de varredura foi utilizada para avaliar as possíveis alterações morfológicas induzidas pela DVL em formas promastigotas. Também foi testado o efeito da associação entre a DVL e a Anfotericina B e o glucantime sobre formas promastigotas. Por meio do teste do brometo de 3-(4,5-Dimetiltiazol-2-il) -2,5 difeniltetrazólio (MTT) foi possível determinar a citotoxicidade da DVL em macrófagos Raw 264.7, bem como o efeito da associação desta com a anfotericina B sobre estas mesmas células. Para mais, foi verificado ainda o efeito da DVL sobre formas amastigotas da cepa de L. infantum. DVL inibiu o crescimento de formas promastigotas de maneira concentração e tempo dependentes, com valores CI50/24h = 49,37 μg/mL; CI50/48h = 37,47 μg/mL; CI50/72h = 34 μg/mL. Os dados obtidos mostraram que a atividade da lectina esta relacionada à sua capacidade de reconhecer e se ligar a glicanos presentes em L. infantum e o tratamento com esta é capaz de induzir a produção de EROs, danos a integridade da membrana celular e alterações morfológicas nos parasitas. Além disto, a lectina mostrou-se capaz de modular a ação da anfotericina B e do glucantime melhorando o efeito destes em formas promastigotas. DVL não apresentou citotoxicidade em células Raw 264.7, demonstrando um aumento da viabilidade destas células, efeito também observado na avaliação da associação entre a DVL e a anfotericina B sobre as células. Ademais, com o uso da CI50 (50 μg/mL) foi possível observar uma redução no índice de sobrevivência dos macrófagos infectados com formas amastigotas, bem como uma redução no percentual de infecção dos mesmos. Os resultados sugerem que a DVL é uma ferramenta promissora para o tratamento das leishmanioses, entretanto mais estudos são necessários para elucidar os prováveis mecanismos de ação.