INVESTIGAÇÃO DOS EFEITOS DA RESTRIÇÃO CALÓRICA SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO, A FUNÇÃO MITOCONDRIAL E O LIPIDOMA DURANTE A HIPERTROFIA CARDÍACA INDUZIDA POR ISOPROTERENOL EM CAMUNDONGOS
Lipidoma. Mitocôndria. Espécies Reativas de Oxigênio. Antioxidantes. Restrição calórica
O tecido cardíaco saudável utiliza mais gordura do que qualquer outro órgão. Estudos apontam que a hipertrofia cardíaca induz um shift metabólico levando a um consumo preferencial de glicose em relação aos ácidos graxos. A restrição calórica é um procedimento dietético que promove benefícios à saúde e prolongamento da expectativa de vida em muitos organismos. Neste trabalho, nós levantamos a hipótese que parte dos efeitos benéficos da restrição calórica, se dá por alterações no conteúdo lipídico, manutenção das funções mitocondriais e redox. Estes efeitos somados induzem à prevenção da hipertrofia cardíaca. De fato, a restrição calórica reverteu a hipertrofia cardíaca induzida por isoproterenol. Mitocôndrias isoladas de corações hipertróficos produziram níveis significativamente mais altos de H2O2 (quando o succinato foi usado sem a presença de rotenona). Este efeito foi bloqueado pela restrição calórica. Concomitantemente a hipertrofia cardíaca reduziu as taxas de controle respiratório mitocondrial e diminuiu os níveis de superóxido dismutase e glutationa peroxidase. Esses efeitos também foram evitados pela restrição calórica. Usando técnica de metabolômica. nós também estudamos os perfis lipidômicos cardíacos para obter informações sobre como a restrição calórica pode interferir nas alterações metabólicas induzidas pela hipertrofia. A restrição calórica protegeu contra mudanças em vários triglicerídeos (TGs) ligados a ácidos graxos insaturados. Além disso, este procedimento dietético protegeu contra o acúmulo de TGs contendo ácidos graxos saturados observados em amostras hipertróficas. A hipertrofia cardíaca induziu aumento de ceramidas, fosfoetanolaminas e acilcarnitinas (12:0, 14:0, 16:0 e 18:0). Tudo isso foi revertido pela restrição calórica. Em suma, nossos dados demonstram que a hipertrofia altera o lipidoma cardíaco, causa distúrbios mitocondriais e estresse oxidativo. Essas alterações são evitadas (pelo menos parcialmente) pela intervenção de restrição calórica in vivo. Este estudo revela o potencial da restrição calórica para se tornar uma nova intervenção terapêutica contra a hipertrofia cardíaca e nos mecanismos pelos quais ela atua.