Diversidade dos grupos de anastomose de Rhizoctonia associados com aliáceas no Brasil
Allium spp. Fungo habitante do solo. Patógeno radicular. Sequências ITS. Filogenia.
Vários fatores podem ocasionar perdas na produção das aliáceas (alho, alho-poró, cebola e cebolinha comum), mas as doenças são muito importantes. Dentre estas destacam-se o tombamento de plântulas e o nanismo de plantas adultas, causadas pelo fungo do gênero Rhizoctonia. A identificação desse fungo se baseia, principalmente, na classificação em grupos de anastomose de hifas (AGs). O presente estudo teve como objetivo determinar quais espécies e AGs de Rhizoctonia ocorrem em áreas de cultivo de aliáceas no Brasil usando sequenciamento da região espaçadora transcrita interna (ITS) do DNA ribossômico (rDNA). Plantas de alho, alho-poró, cebola e cebolinha comum com sintomas de tombamento de plântulas e nanismo de plantas adultas foram coletadas em 38 áreas de produção localizadas em 22 municípios e cinco estados brasileiros, no período de 2018 a 2022. Dos materiais vegetais sintomáticos foram efetuados isolamentos dos fungos associados e obtidas culturas puras de Rhizoctonia. Foram obtidos 49 isolados de Rhizoctonia das áreas de produção de aliáceas. O DNA genômico foi extraído de todos os isolados de Rhizoctonia e efetuada a amplificação por PCR da região ITS-rDNA com os primers ITS1 e ITS4. Os produtos da PCR foram purificados e sequenciados. Sequências nucleotídicas de isolados de referência de Rhizoctonia obtidas no GenBank foram incluídas nas análises e as relações filogenéticas foram analisadas pelo método de Máxima Verossimilhança. A análise filogenética da região ITS permitiu a identificação de quatro AGs, sendo dois de R. solani (AG-4 HGI e AG-4 HGIII) e quatro de Rhizoctonia binucleada (AGA-A, AG-F, AG-K e Linhagem 1). Dois isolados não se agruparam com nenhum AG descrito até o momento. Esse é o primeiro relato, em nível mundial, da associação de AG-4 HGIII com aliáceas. AG-A foi o mais frequente (38,8%), constatado em 13 áreas de produção, seguido de AG-4 HGI (30.6%), constatado em 12 áreas de produção. Esse é o primeiro relato detalhado da composição dos AGs de Rhizoctonia associados com aliáceas no Brasil e amplia os conhecimentos sobre esse assunto no país e no mundo.