Biossensores fotoeletroquímicos para lactose desenvolvidos com a lectina do macrofungo Agaricus bisporus
Dietas ricas em produtos à base de lactose fornecem nutrientes importantes para nossa saúde, mas pessoas com intolerância à lactose enfrentam sérios efeitos adversos. O controle de qualidade rigoroso desses produtos é importante para a adesão a dietas sem lactose. Biossensores à base de lectinas para análise de carboidratos estão entre as aplicações biotecnológicas destas macromoléculas. O cogumelo Agaricus bisporus, possui uma lectina (ABL) de potencial biotecnológico, sensível a carboidratos, incluindo a lactose, possibilitando o desenvolvimento de biossensores fotoeletroquímicos para este carboidrato. Neste trabalho, desenvolveram-se biossensores para lactose contendo a ABL. A alta atividade lectínica encontrada nos extratos desse macrofungo (640 UH mL−1), mesmo em valores críticos de pH (4–10) e temperaturas (20–100 °C), permitiu seu uso direto como fonte da ABL. No primeiro biossensor, utilizou-se um eletrodo de vidro revestido com óxido de estanho dopado com flúor, modificada com poli(azul de metileno) e ABL, dando origem ao biossensor ABL/PMB/FTO. O poli(azul de metileno) incrementou fotoatividade ao dispositivo, aumentando a sua sensibilidade. A associação ABL-lactose, estudada por espectroscopia de impedância eletroquímica foram bem ajustadas pela equação de Hill, expandindo a faixa dinâmica de trabalho (lactose de 15–540 nM; limite de detecção de 20,2 pM). Este dispositivo apresentou boa precisão, especificidade e seletividade para análise de lactose. No segundo biossensor, utilizou-se carbono vítreo modificado com poli(betaciclodextrina), nanocelulose, nanopartículas de molibdato de cério e ABL, originando o biossensor GCE/β-CD/CeMo/ABL. Foi adotado a análise por componentes principais (PCA) para a seleção de dados de múltiplas frequências para as curvas de associação. Dados computacionais para a imobilização da ABL a partir do seu extrato mostraram que esse procedimento contribuiu para reduzir o potencial de banda plana a uma magnitude equivalente à obtida com a irradiação de luz azul. Para as análises por PCA, os dados normalizados do módulo da impedância possibilitaram a melhor separação entre os níveis de lactose e a menor dispersão dos dados. As curvas de associação para frequências entre 3,1 e 31,6 Hz foram ajustadas pelo modelo de associação bifásica. A junção destes dados àqueles obtidos com o biossensor ABL/PMB/FTO, incluindo dados de PCA permitiu determinar três eventos de associação, com constantes de dissociação . O biossensor GCE/β-CD/CeMo apresentou elevada sensibilidade (limite de detecção de 0,4 pM), mesmo em condições de pH e temperatura atípicas para materiais proteicos, sem prejuízos à seletividade para a lactose.