A interface entre saúde coletiva e o desenvolvimento sustentável: O território da
atenção básica à saúde como campo de práticas para o fortalecimento do ODS 3
Desenvolvimento sustentável. Saúde Coletiva. Vigilância em saúde. Atenção
básica a saúde.
A reorientação das práticas de saúde através das lentes do desenvolvimento sustentável e
da saúde coletiva requer uma nova conduta profissional, aniquilando a postura biomédica para dar
espaço a práticas a partir da integralidade do cuidar. A Estratégia de Saúde da Família configura-
se como um meio capaz de reorganizar os serviços de saúde no território a partir do conhecimento
dos determinantes socias que afetam a qualidade de vida e impede o bem-estar da população. É
nessa ótica que o ODS 3 surge como estratégia de vigilância em saúde para fortalecer o bem-estar
individual e coletivo no território por meio de ações integradas. O objetivo dessa pesquisa foi
identificar a interface dos processos de trabalho em vigilância a saúde com o desenvolvimento
sustentável no âmbito da atenção básica para o fortalecimento do ODS 3 no território. Para esta
pesquisa adotou-se uma abordagem metodológica do tipo qualitativa de caráter exploratório
através de uma pesquisa-ação. O estudo aconteceu no Município do Crato-CE na Estratégia de
Saúde da Família da Misericórdia do Bairro Seminário, participaram da pesquisa os residentes do
ano 1 (R1) do programa de residência Multiprofissional em Saúde coletiva – URCA, membros da equipe da ESF e usuários do serviço e lideranças de bairro. Foram realizadas três oficinas temáticas que permitiu identificar por meio da análise do Discurso do Sujeito Coletivo o
conhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre a interface do desenvolvimento sustentável com os
processos de trabalho em saúde, conhecer as fragilidades e potencialidades ESF misericórdia no
âmbito do ODS 3 com a construção da matriz FOFA e a elaboração do modelo FPEEEA de
determinantes e planejamento para o fortalecimento do ODS 3 no território. O estudo mostrou que
os sujeitos da pesquisa compreendem que os processos de trabalho desenvolvidos pela ESF
misericórdia favorecem o desenvolvimento sustentável na comunidade por meio das ações de
prevenção e promoção da saúde, acolhimento humanizado e parcerias institucionais. As
fragilidades apontadas são oriundas das falhas na gestão pública da saúde e, as potencialidades
evidenciadas foram a associação do bairro, a chegada do PRMSC na ESF, os profissionais
capacitados e envolvidos nas ações de promoção da saúde. A construção da matriz FPEEEA
elencou indicadores de causa/efeito correspondente a diminuição da qualidade de vida e das
condições de saúde, interferindo no fortalecimento do ODS 3 no território. Percebe-se que as
ações de promoção da saúde desenvolvidas na ESF misericórdia pelo profissionais e residentes de
saúde coletiva aliado a associação dos moradores, criam espaços para as dimensões do
desenvolvimento sustentável no território, porém, o apoio da gestão pública da saúde coloca em
risco os esforços para a vigilância em saúde estabelecido no ODS 3.
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