UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DO CALCÁRIO LAMINADO NA EXECUÇÃO DE ESTACAS EM SOLOS COLAPSÍVEIS
concreto seco, fundações, resíduo do calcário laminado, prova de carga, comportamento carga-recalque.
A região do Cariri Cearense se apresenta como um importante pólo mineral, no que tange a sua rica reserva de calcário sedimentar laminado, conhecido comercialmente como Pedra Cariri, usado como piso e revestimento na construção civil. Entretanto, os processos de mineração e beneficiamento de calcário laminado para fabricação de pisos e revestimentos produzem uma elevada quantidade de resíduo (70% é disperdiçado) responsável por grandes danos ao meio ambiente. Assim, a utilização de resíduos na construção civil apresenta-se como uma excelente alternativa para diminuição do impacto ambiental e contribuição para o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, o presente trabalho objetivou estudar o reaproveitamento de resíduos de calcário laminado na composição de concreto, em substituição em massa ao agregado miúdo (areia), visando a sua utilização em estacas curtas escavadas e apiloadas, executadas em solos colapsíveis. Na etapa de laboratório foram realizadas a caracterização dos materiais e posteriormente a moldagem de corpos de prova do concreto do tipo seco, através de cinco teores de resíduo: 0%, 30%, 50%, 80% e 100%. Os resultados demonstraram a viabilidade do processo tanto do ponto de vista técnico quanto ambiental nas substituições da areia pelo resíduo nas proporções de 30% e 50%, entretanto, optou-se para a confecção da estaca, a mistura composta por 50% de resíduo, tendo em vista um maior volume de aproveitamento do resíduo. Na etapa de campo, foram confeccionadas estacas no Campo Experimental da Universidade Federal do Cariri, onde há presença de camadas de solos colapsíveis que perdem resistências quando inundadas. Para tal foram executadas duas estacas apiloadas de 15 cm de diâmetro e 5 metros de profundidade, sendo uma com concreto seco convencional e outra com concreto seco contendo resíduo do calcário laminado, as quais foram submetidas à ensaios de prova de carga do tipo lento, para verificação de recalque do solo no estado de umidade natural e após inundação. A estaca apiloada com resíduo apresentou recalque de 1,30 mm quando foi carregada até 10T, com solo na umidade natural; após descarregamento até 5T e umedecimento intencional do solo, nesta tensão de 5T, o recalque adicional foi de 3,11mm, totalizando um recalque de 4,41mm. A estaca apiloada de concreto convencional apoiada no solo na umidade natural, submetida a carga de até 10T, apresentou um recalque de 1,19 mm, recalque praticamente semelhante ao da estaca produzida com resíduo, mostrando que a técnica do uso do resíduo é promissora; ao inundar o solo de apoio da estaca nesta carga o recalque registrado foi de 14,67 mm, totalizando um recalque de 15,86 mm quando submetido a 10 T. Os resultados mostraram que os recalques medidos não ultrapassaram o critério de ruptura técnica referenciado pela NBR 6122/19, que corresponde a 25 mm. A técnica pioneira de execução de estacas apiloadas em solos colapsíveis na Região do Cariri se mostrou tecnicamente aprovada como solução de fundações para obras de pequeno porte. Tais resultados tornam possível concluir que o emprego do resíduo do calcário laminado na execução de estacas apiloadas em solos colapsíveis é tecnicamente e ambientalmente viável.