DINÂMICA DE PARÂMETROS HIDROQUÍMICOS NA INTERFACE CONTINENTE-OCEANO
NA REGIÃO DO DELTA DO RIO PARNAÍBA
Estuários, nutrientes, abordagem euleriana e lagrangeana.
Os ecossistemas estuarinos são sistemas abertos, nos quais há um fluxo constante de matéria e energia, responsáveis por uma gama de processos físicos, químicos e biológicos que são essenciais para a manutenção e equilíbrio do meio. Esse estudo teve como objetivo analisar a distribuição (temporal e espacial) dos parâmetros hidroquímicos (pH, temperatura, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, salinidade, nitrogênio total (NT) e fósforo total (PT) na zona estuarina do Delta do Parnaíba em função da dinâmica do ecossistema, com intuito de examinar o comportamento desses compostos e as principais interações pertinente à esse sistemas. Para isso realizou-se 1 (uma) campanha de amostragem em superfície e fundo, contemplando maré de enchente e vazante no principal canal do estuário (Rio Parnaíba), em setembro de 2019, correspondente à maré de quadratura. Os parâmetros físico-químicos foram medidos in situ com multisonda portátil e as frações de nutrientes (NT e PT) seguiram os procedimentos propostos por Valderrama, 1981. Os dados foram submetidos à análise estatística no programa Past (versão 4.03) para a elaboração dos gráficos, estatística descritiva e testes estatísticos. Inicialmente aplicou-se o teste de normalidade Shapiro – Wilk, com 95% de confiança, para as variáveis em cada abordagem (euleriana e lagrangeana), e posteriormente para identificar as variáveis mais importantes na determinação da variabilidade dos dados obtidos foi feita uma Análise de Componentes Principais (ACP).Os parâmetros hidroquímicos se mostraram semelhantes para os dois regimes de maré analisados. Os nutrientes em comparação com as marés, apresentaram valores máximos de NT e PT 7,42 µmol/ e 1,08 (µmol/L) respectivamente, corroborando com estudos similares de estuários brasileiros. Na perspectiva de nutrientes limitantes, razão N:P, considerando os pontos de P1 a P6, observou-se que 57,69% das amostras analisadas tiveram como fator limitante o NT. Na abordagem temporal, considerando os pontos P2 e P5 apresentou valores de 63,63% e 59,72%, respectivamente. Esse comportamento demonstra que de maneira geral o elemento limitante para a área analisada seria o NT. Os resultados da ACP demonstraram que os Parâmetros comportaram-se de forma distinta nas duas abordagens do estudo, na abordagem langrangena resultou que os elementos NT, turbidez e PT são correlacionados positivamente entre si, o que significa que amostras de água com alta concentração de nutrientes, tendem a apresentar também altas concentrações de turbidez. Para a abordagem euleriana no P2, percebe-se que turbidez, NT, e PT tem relação negativa com OD e pH e salinidade se opõe negativamente a temperatura. No P5 uma correlação negativa foi observada entre os parâmetros turbidez, NT e OD, implicando que maiores concentrações de turbidez resultam em menores concentrações de NT e OD. Esses padrões de comportamento irão direcionar e embasar a avaliação do aporte de nutrientes na interface continente-oceano do estuário.