Banca de QUALIFICAÇÃO: ANDRÉ RAMOS DE SOUZA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANDRÉ RAMOS DE SOUZA
DATA : 16/06/2021
HORA: 14:00
LOCAL: Sala virtual Google Meet
TÍTULO:

O RISCO DE POLUIÇÃO E A VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO MÉDIO NA BACIA SEDIMENTAR DO ARARIPE

PALAVRAS-CHAVES:

 POLUIÇÃO, VULNERABILIDADE,  AQUÍFERO, BACIA  E ARARIPE

PÁGINAS: 69
RESUMO:

Toda água que circula invisível pelo subsolo da terra e desagua nos rios durante o período sem chuva - 13.000 km³/ano – constitui a contribuição do manancial subterrâneo. Ele resulta, principalmente, da infiltração nos terrenos onde foram esculpidas as respectivas bacias hidrográficas de parcela das águas precipitadas da atmosfera na forma de chuva, neblina ou neve (REBOUÇAS, 2008). No Brasil, a reserva total de água subterrânea é na ordem de 112.000 km³, sendo que cerca de 90% estão situadas em bacias sedimentares (REBOUÇAS, 2008). No estado do Ceará, as principais reservas de água subterrânea encontram-se: na faixa costeira, na chapada do Apodi, na Bacia Sedimentar do Araripe, na serra da Ibiapaba. Dessa forma, 37,5% das cidades e 27% dos distritos são abastecidos com água subterrânea, ou seja, 19% da população urbana do estado, sendo através de poços tubulares e amazonas, fontes ou nascentes produzem diariamente cerca de 180.000 m³ (IPECE, 2011). A Bacia Sedimentar do Araripe, encontra-se ao sul do estado do Ceará e perfaz também os estados do Piauí e Pernambuco, com aproximadamente 11.000 km² de área, variando cerca de 400 m entre um vasto planalto e uma área de planície, onde estão situados os municípios do Cariri Cearense, destacando os municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha. Nessa região, os recursos hídricos subterrâneos apresentam-se como a principal fonte para abastecimento humano, dessedentação animal, bem como para irrigação, indústria e lazer. O aquífero médio se localiza na zona de vale, sob os principais municípios da região do Cariri. Dentre a diversidade aquífera da Bacia Sedimentar, o aquífero médio é o que apresenta maior disponibilidade hídrica e como consequência é o sistema aquífero mais explorado, com elevada concentração de poços profundos, frente a grande demanda populacional, industrial, de irrigação, entre outros usos. Municípios como Crato, Juazeiro, Barbalha e Missão Velha, os principais da região, dependem quase em sua totalidade do sistema aquífero médio para atenderem as demandas de abastecimento de humano, irrigação, indústria, dessedentação animal e demais usos, através da captação por poços tubulares profundos. Contudo, outros municípios também possuem afloramento desse sistema aquífero, tais como Abaiara, Milagres, Brejo Santo, Porteiras e Mauriti. O consumo excessivo dos recursos hídricos no aquífero médio da Bacia Sedimentar do Araripe, principalmente por baterias de poços profundos vem ocasionando um rebaixamento expressivo nos níveis d’água. Esse rebaixamento quando ocorre em regiões sedimentares, com solos permeáveis, com elevado números de indústrias e baixos índices de saneamento, apresentam-se como um elevado risco de contaminação do sistema aquífero. As águas subterrâneas podem sofrer contaminação direta, sem diluição, quando o poluente atinge diretamente o aquífero através de poços abandonados ou com problemas construtivos, e por contaminação indireta, quando ocorre a diluição de parte do poluente antes de atingir o sistema aquífero (FEITOSA, et al 2008). A preocupação com a contaminação da água subterrânea se concentra principalmente nos aquíferos freáticos ou não confinados, especialmente nas áreas em que a zona vadosa é pouco espessa e o lençol freático é raso, entretanto, há riscos significativos de poluição em pontos em que o aquífero é semiconfinado, se os aquitardes confinantes forem relativamente pouco espessos e permeáveis. (FOSTER, et al 2002). É importante destacar que a atividade antrópica é a principal responsável pela contaminação dos aquíferos, podendo elencar como as fontes poluidoras mais comuns, temos os efluentes domésticos e industriais sem o devido tratamento, lançados sob o solo ou em corpos hídricos, o chorume e lixiviados de lixões, lodos de estações de tratamento, cemitérios etc., as atividades agrícolas através do uso de fertilizantes e pesticidas, vazamentos em tanques de armazenamento de produtos como derivados de petróleo químicos entre outros e as atividades de mineração. Em regiões sedimentares com aquíferos livres e baixos índices de saneamento básico, como é o caso do aquífero Médio na Bacia Sedimentar do Araripe, a vulnerabilidade do sistema aquífero e o risco de contaminação é ainda mais acentuado, devido a relação direta de interação entre os rios e o sistema aquífero, influenciados pela flutuação nível do lençol freático nos períodos secos e chuvosos, dessa forma, em períodos secos com o rebaixamento do lençol freático, as condições hidráulicas favorecem que o rio passe a ser influente para o sistema aquífero, percolando cargas contaminantes para as águas interiores. Dentro deste contexto, a vulnerabilidade é entendida como a suscetibilidade dos aquíferos serem afetados por cargas contaminantes de origem antrópica (Feitosa et al., 2008) O método GOD, segundo Foster et al. (2002), é amplamente aplicado nos países da América Latina em virtude do seu bom desempenho, menor custo e maior facilidade de obtenção das informações nele utilizadas. O método avalia a vulnerabilidade do aquífero à contaminação que é consequência das características naturais dos estratos que o separam da superfície da terra, utilizando três parâmetros: tipo de aquífero (G), a litologia e grau de consolidação da zona vadosa ou camadas confinantes (O) e a profundidade do nível freático do aquífero (D). Já o método POSH refere-se à possibilidade de geração de uma carga poluidora identificando as substâncias tóxicas armazenadas e/ou manipuladas e a existência de carga hidráulica associada à essas substâncias no processo ou no seu destino final. Basicamente, este método ampara-se nos seguintes aspectos: localização da atividade poluidora, início e fim do funcionamento, tipo e tamanho da atividade e uso ou disponibilidade de água (FOSTER & HIRATA, 1988). Segundo Hirata (2001), a análise de vulnerabilidade dos aquíferos à contaminação antrópica é, seguramente, uma das formas mais adequadas de se encarar a preservação da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos. Tendo-se mostrado fundamental na tomada de decisões e direcionando a escolhas de áreas para realizações de atividades potencialmente poluidoras, pois a determinação dos índices de vulnerabilidade fornece subsídios para a prevenção e reconhecimento de áreas mais sensíveis à contaminação, assegurando a qualidade O cruzamento entre o risco de contaminação e a vulnerabilidade natural do aquífero é denominado como perigo à contaminação. Trata-se da análise de sobreposição dos resultados obtidos pela aplicação dos métodos GOD e POSH. A expressão perigo à contaminação é definida como a probabilidade de que a água de um aquífero atinja níveis inaceitáveis de contaminação em decorrência das atividades antrópicas que se realizam na porção imediatamente acima da superfície do solo (ADAMS & FOSTER, 1992; FOSTER & HIRATA, 1988). A relevância para o desenvolvimento da pesquisa reside na importância de conhecer a suscetibilidade dos recursos hídricos subterrâneos aos efeitos adversos de cargas contaminantes impostas aos mesmos, principalmente, porque a área de estudo se encontra localizada na região do Semiárido nordestino onde a escassez das águas superficial é característica peculiar e a água subterrânea representa, muitas vezes, a única fonte alternativa de abastecimento. Uma hipótese para pesquisa é que só é possível proteger um aquífero se for possível conhecer sua vulnerabilidade e os riscos inerentes aos processos de contaminação, sendo esse conhecimento fruto da informação, decorrentes das pesquisas sobre as mesmas.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1549937 - CELME TORRES FERREIRA DA COSTA
Interno - 1513585 - FRANCISCO JOSE DE PAULA FILHO
Externo à Instituição - MARTA DEL CARMEM PARIS - UNRC